Célula espermática > Defeitos da célula espermática

 

Os defeitos espermáticos podem refletir alterações ocorridas durante a espermatogênese ou durante a maturação espermática no epidídimo. As causas podem ser de origem genética, ou ambiental, como calor, alterações de fotoperíodo, nutrição, tóxicos, lesões testiculares, doenças gerais, etc. O significado de defeitos espermáticos específicos e de sua importância no sêmen das diferentes espécies está relacionado com a predição da capacidade de fertilização dos reprodutores. O Espermograma é o exame da morfologia e das alteração das células espermáticas e é uma das etapas do exame andrológico.

Observação dos defeitos

Os defeitos espermáticos podem ser observados utilizando-se microscopia óptica, através de esfregaços corados. As amostras de sêmen podem ser preservadas em solução de formol salina, citrato formol ou de glutaraldeído a 0,25%. Diversos protocolos de coloração podem ser utilizados.

O Colégio Brasileiro de Reprodução Animal sugere os métodos de Williams e de Cerovsky.

As preparações com câmara úmida em microscopia de contraste de fase ou contraste interferencial não necessitam de corantes, e são as mais indicadas para a avaliação do acrossomo. A microscopia eletrônica permite a observação da ultra estrutra celular

Classificações de defeitos

Em bovinos, as duas principais classificações de defeitos espermáticos são as de Blom (1950) e Blom (1971). A primeira classifica os defeitos em Anormalidades Primárias, que são os defeitos espermáticos ocorridos durante a espermatogênese, e em Anormalidades Secundárias, aqueles defeitos que ocorrem no espermatozóide já formado, durante o trânsito no epidídimo. São consideradas ainda as alterações ocorridas depois da ejaculação.


Classificação de BLOM (1950)

Anormalidades primárias:
- Cabeça piriforme, em raquete, estreita, pequena, grande, curta e grossa.
Outras anormalidades da cabeça:
- Cabeça anormal solta.
Formas abortivas:
- Cabeça normal com cauda muito enrolada.
- Formas duplas.
- Inserção abaxial.
- Defeitos da peça intermediária.

Anormalidades secundárias:
- Cabeça normal solta.
- Gota citoplásmica solta.
- Gota citoplásmica distal.
- Cauda dobrada (bent tail).
- Capuchão (acrossomo) destacado.

Classificação de Blom (1971)

A classificação de Blom (1971), em Defeitos Maiores e Menores relaciona os defeitos com a sua importância na fertilidade. Assim, são considerados Defeitos Maiores aquelas anormalidades que têm grande efeito na fertilidade e os Defeitos Menores são considerados de menor importância.

Defeitos maiores
1. Subdesenvolvido
2. Formas duplas
3. Knobbed sperm
4. Decapitated sperm defect (Guernsey)
5. Diadem defect (pouch formation)
6. Cabeça piriforme
7. Estreita na base
8. De contorno anormal
9. Cabeças pequenas anormais
10. Cabeça solta anormal
11. Corkscrew defect
12. Outros defeitos da peça intermediária
13. Gotas proximais
14. Pseudodroplet defect
15. Cauda fortemente dobrada ou enrolada (Dag defect)

Defeitos menores
1. Cabeças estreitas
2. Cabeças pequenas normais
3. Cabeças gigante e curta, larga
4. Cabeças soltas (normais)
5. Acrossomos destacados (Tinta da China)
6. Implantação abaxial
7. Gotas distais
8. Cauda simplesmente dobrada ou enrolada
9. Cauda enrolada na porção terminal

Outros: formação de medusa, células espermiogênicas, gigantes e prepuciais, leucócitos, hemáceas.

defeitosTipos de defeitos

Para saber mais, clique em cada tipo de defeito:

  1. Defeitos do acrossomo
  2. Defeitos da cabeça e núcleo
  3. Alterações do Colo
  4. Alterações da peça intermediária e da cauda
  5. Defeitos de cauda

Outros elementos

Outros elementos podem ser encontrados na avaliação das características morfológicas do sêmen e deverão ser citados no laudo, tendo sua quantidade expressa como raros, freqüentes ou muito freqüentes. Poderá ser necessária coloração específica para prodecer o diagnóstico diferencial entre alguns tipos celulares.

Medusas: originam-se de degenerações testiculares graves, onde um núcleo, de modo geral constituídos por uma célula de linhagem espermatogênica que se desprende do epitélio dos túbulos seminíferos e, na sua passagem pelos ductos eferentes, ricos em células ciliadas, atrai sobre si os cílios perdidos pelas células locais, devido ao processo de descamação provocado pela degeneração. Juntos criam esta forma exótica denominada medusa, as quais são raras e podem ser perfeitamente visualizadas tanto na lâmina corada como nas preparações úmidas.

Células Primordiais: são células da linhagem espermatogênica que se desprendem do epitélio germinativo. Geralmente aparecem durante as degenerações testiculares graves. Podem ser facilmente visualizadas em preparações úmidas.

Células Gigantes: normalmente são células multinucleadas que se desprendem do epitélio germinativo tendo-se originado da fusão de duas ou mais células da linhagem espermatogênica. São indicativas de degeneração testicular.

Leucócitos: são observados nos processos inflamatórios das glândulas anexas, do epidídimo ou dos testículos.

Hemácias: revelam hemorragia em alguma parte do sistema genital, que pode ser, inclusive na glande. Esta última hipótese é sempre a mais provável e indica uma lesão no ato da coleta.

Células Epiteliais: representam processo de descamação do sistema genital. A presença não tem significado patológico.

De modo geral, os outros elementos, num reprodutor sadio, estão ausentes. Sua presença é indicativo da existência de lesão em alguma porção do sistema genital, ficando a critério do andrologista interpretar o significado da presença dessas estruturas.

Fonte: Manual para Exame Andrológico e Avaliação de Sêmen Animal. Colégio Brasileiro de Reprodução Animal. 2ª ed., 1998.

Veja fotografias de microscópio de espermatozóides com defeito: