Usos de Videoconferência



Telemedicina/Telesaúde

A Telemedicina é um campo crescente que se fez possível pela melhoria, maior disponibilidade e acessibilidade dos serviços de telecomunicação. Uma vez estreitamente definida como provisão direta de serviços médicos usando tecnologia de telecomunicações, o termo telemedicina está sendo agora suplantado por "Telesaúde", e inclui "o uso de informações eletrônicas e de tecnologias de comunicações para fornecer e apoiar cuidados de saúde quando a distância separa os participantes" (US Veterans Administration) ou "uso de informações eletrônicas e tecnologias de telecomunicações para dar suporte aos cuidados clínicos de saúde a longa distância, a educação relacionada à saúde para profissionais e pacientes, a saúde pública e administração de saúde" (Office for the Advancement of Telehealth, US Health Resources and Services Administration).

Estas definições incluem atividades que fornecem serviços clínicos diretos e indiretos, tais como teledermatologia, mas também inclui usos educacionais e administrativos destas tecnologias para dar suporte aos cuidados de saúde, bem como para educação continuada ou videoconferências administrativas. Como a convergência de redes de vídeo, de voz e de dados acontecem no mercado, não é assombroso que serviços que previamente ofereciam a mídia múltipla estão agora migrando para a Internet, oferecendo oportunidades para convergência de várias atividades de cuidados com a saúde que acontecem à distância.

O registro de uso mais antigo da telemedicina foi um projeto de demonstração em Nebraska nos anos 50 onde foi utilizado um circuito fechado de televisão para fornecer serviços de saúde mental de um centro da universidade médica até um hospital estatal a 100 milhas de distância. Há quarenta anos atrás, o programa de telemedicina em vôo espacial da NASA começou para que o pessoal médico em terra pudesse monitorar as respostas biomédicas dos astronautas ao vôo espacial e fornecer qualquer cuidado médico necessário. O Projeto "Telemedicine Space Bridge to Armenia" da Nasa forneceu ajuda médica em resposta a um terremoto severo na Armênia em 1988. Usando um link de satélite ao vivo de duas vias, equipes médicas em hospitais de Salt Lake City, Houston, Texas e Maryland conduziram juntamente com médicos da Armênia uma variedade de consultas médicas. Devido as enormes despesas destes esforços pioneiros, foi somente nos últimos dez anos que a prática da telemedicina deixou de ser um projeto piloto para ter disponibilidade pública.

O diagnóstico clínico distante via videoconferência é atualmente usado em algumas áreas rurais. Um médico ou enfermeira rural consulta com um médico baseado em um hospital ou universidade metropolitanos. Usando tecnologia de videoconferência e ferramentas médicas especialmente adaptadas, o médico distante pode ver o paciente, falar com o médico local, ouvir os batimentos cardíacos através de um estetoscópio distante, ver imagens de exames de ouvido/nariz/garganta ou examinar as condições da pele. Esta aplicação exigiu o arrendamento de linhas de telefone T-1 ou ISDN, o que pode ser bastante caro. Devido a várias questões (efetividade de custo, aceitação da tecnologia pelo paciente/médico, licenciamento e questões de pagamento), o uso mais comum de tais instalações tem sido para fornecer cuidados de saúde para populações encarceradas. Os prisioneiros têm o direito legal de receber o tratamento médico necessário, mas o custo do transporte de um prisioneiro até uma instalação médica é extremamente alto já que pelo menos dois guardas e possivelmente uma ambulância são exigidas para o transporte durante viagens que exigem um dia inteiro. Essa despesa de transporte alta justificou o custo do uso da telemedicina em estados como Virgínia e Texas.

Um pioneiro notável na aceitação mais extensa da telemedicina pode ser encontrado no East Carolina University's Telemedicine Center (http://www.telemed.med.ecu.edu/). Seu programa de telemedicina emprega um banco de dados de tecnologia de vídeo e áudio interativo para fornecer cuidados clínicos e educação para a população rural do leste da Carolina do Norte. Desde 1992, o Centro forneceu mais de 7,500 consultas de telemedicina em mais de 35 especialidades médicas diferentes e mais de 10,000 atividades de educação médica continuada e ensino à distância. O Centro de Telemedicina ECU inclui um centro de comunicações operacionais que faz a conexão entre os pontos necessários e os recursos médicos globais utilizando POTS, ISDN, T-1, Microondas, Satélite e tecnologias de IP.

A Veterans' Administration (VA) dos Estados Unidos tem tido vários programas de telemedicina clínica, inclusive teleradiologia/imagem digital sem filme, telepatologia, telemedicina nuclear (MRI), monitoramento cardíaco de marca-passos através de telefone residencial, programas de cuidados através de ligação telefônica entre outros. (http://www.va.gov/telemed/)
A NORTH Network em Ontario, Canadá (http://www.northnetwork.com/) administra um extenso serviço de telesaúde baseado em H.323 para os hospitais e clínicas distantes no norte da província. Eles usam uma rede de IP privado (dedicada aos aplicativos de cuidados da saúde) para ligar mais de 60 locais do norte aos grandes hospitais de ensino urbano. Atualmente, eles facilitam centenas de consultas possibilitadas via videoconferências por semana, assim como transmitem extensivas palestras educacionais usando as mesmas tecnologias. Eles evitaram os problemas típicos de faturamento para consultas distantes conseguindo uma concessão especial do governo que permite que eles paguem diretamente aos médicos que dão as consultas.

O Tandberg (http://www.tandbergvision.com) é um fabricante que oferece sistemas especificamente projetados para a indústria de cuidados com a saúde. O HealthCare System III é uma solução completa que combina uma estação de videoconferência H.323 com ferramentas de exame médico que podem ser lidas à distância, e, deste modo, permitindo que o médico possa ver tanto o paciente como a transmissão auxiliar, incluindo sonogramas, armazenagem e remessas, imagens telescópicas ou imagens computadorizadas ou gráficas. O Intern II é um sistema compacto; possui um MCU embutido, fornece criptografia de dados compatíveis com o HIPAA e reconhece os regulamentos UL CSA e FCC, de forma que pode ser colocado ao lado da cama de um paciente.
A NASA está projetando um Pacote de Instrumentação para Telemedicina - Telemedicine Instrumentation Pack (TIP)- portátil para coletar áudio, vídeo e dados médicos do paciente no espaço.

Outra abordagem é construir o seu próprio sistema de telemedicina. Combinando um dispositivo para videoconferência, um PC e dispositivos médicos que possam usar a interface de um computador, pode-se construir um sistema de videoconferência que atenda melhor as necessidades dos usuários finais. O Georgia Tech's Biomedical Interactive Technology Center (www.bitc.gatech.edu) desenvolveu tal sistema para usar em Sarov, Rússia, uma antiga Cidade Nuclear. O sistema combina PCs com um codec PictureTel, câmeras digitais, instrumentos médicos interfaceados pelo computador, scanners, impressoras e um vídeo-microscópio. Um sistema como esse pode ser personalizado para atender as necessidades exatas dos usuários, mas carece de uma interface polida, integrada que se espera de um sistema comercial. Como o novo campo de telemedicina cresce e evolui, sistemas feitos em casa como estes ajudarão a refinar as necessidades de sistemas e influenciarão o projeto de futuros produtos comerciais para telemedicina.

Em um esforço para impulsionar o campo da telemedicina significativamente, a National Library of Medicine (www.nlm.nih.gov) em 1996 premiou 19 projetos de telemedicina em múltiplos anos com intenção de servirem de modelo para avaliar o impacto da telemedicina, avaliando várias abordagens quanto à confiança na telemedicina e testando padrões de dados de saúde emergentes. Um simpósio resumindo as atividades e os resultados deste programa foi apresentado em março de 2001, e os procedimentos estão disponíveis on-line. (http://collab.nlm.nih.gov/tutorialspublicationsandmaterials/telesymposiumcd/Contents.html)

Uma aplicação que está surgindo na telemedicina é o atendimento de saúde em casa usando videoconferência. Pacientes que estão sendo monitorados em um número de condições podem ser mandados para casa com um aparelho de telemedicina baseado em um PC que pode ser usado para conectá-los de volta a um hospital ou consultório médico via ISDN, DSL ou conexões a cabo. Tais sistemas freqüentemente combinam dispositivos de diagnóstico médico como estetoscópio, ECG, otoscópio, etc. O American TeleCare (www.americantelecare.com) é um pioneiro neste campo. Outros fornecedores incluem AMD Telemedicine (http://www.americanmeddev.com/index.cfm), AeroTel Medical Systems (http://www.aerotel.com/Home.asp), Medtronic (http://www.medtronic.com/) e March Networks (http://hth.marchnetworks.com/).

Para sistemas de videoconferência usados em telemedicina, uma implicação é que uma sessão de criptografia confiável será obrigatória. Um excelente papel branco descrevendo o estado da criptografia H.323 está disponível na UKRENA (United Kingdom Research and Education Networking Association). O relatório descreve as recomendações de segurança do H.235 que são parte do padrão H.323, mas acha pouca implementação deste padrão entre os clientes de H.323. Alguns fornecedores como VCON construíram esquemas de criptografia próprios em seus produtos; estas soluções próprias podem resolver um problema imediato, mas proíbem a interoperabilidade. Os autores concluem que a criptografia no nível de aplicação do H.323 está apenas começando, portanto, a criptografia só pode ser extensamente oferecida via criptografia em camadas de rede, por exemplo, ao usarmos o VPN ou IPSec.

Regulamento e Reembolso: Nos Estados Unidos, até o final dos anos 90, as terceiras partes públicas ou privadas não tiveram políticas explícitas para pagar pelos serviços de telesaúde. O Office for the Advancement of Telehealth no US Department of Health & Human Services' Health Resources and Services Administration (http://telehealth.hrsa.gov/) é uma fonte excelente para informações sobre assuntos regulatórios e de reembolso. O Balanced Budget Act de 1997 foi um passo significativo no avanço da telemedicina porque ele permitiu que pagamentos fossem feitos a Medicare por pacientes em comunidades rurais que não tinham nenhum serviço de saúde; isto proibiu pagamentos a médicos especialistas como cardiologistas ou radiologistas cuja opinião poderia ser valiosa para um clínico geral. Os tipos de serviços cobertos deveriam ser "interativos" e, deste modo, não aplicariam às tecnologias "Store & Forward", como quando radiografias ou testes de laboratório são remetidos para um especialista para diagnóstico. As regras foram expandidas pelo Benefits Improvement Act de 2000 para permitir que a cobertura incluísse qualquer tipo de medicamento para qualquer área rural e para qualquer entidade que tivesse participado do projeto federal de demonstração da telemedicina (por exemplo, Veterans Administration Hospitals, mesmo em áreas urbanas). A prática da medicina além das linhas estaduais é severamente restringida pelas leis atuais.

Nota: Esta descrição particular é apenas dos EUA. Nós agradecemos comentários sobre estes assuntos de residentes de outros países a fim de registrar para comparação.

O Office for the Advancement of Telehealth mantém diretrizes para avaliar os sistemas de telemedicina/telesaúde em http://telehealth.hrsa.gov/pubs/tech/techhome.htm. Estas diretrizes são baseadas em metas de interoperabilidade, compatibilidade, escalabilidade, acessibilidade e confiabilidade. As diretrizes também são fornecidas por área de especialização médica, como dermatologia ou psiquiatria.