Prefácio


O que é Videoconferência?

Videoconferência em sua forma mais básica é a transmissão e recepção sincronizada de imagem (vídeo) e fala (áudio) entre duas ou mais localizações separadas fisicamente, simulando uma troca como se os participantes estivessem na mesma conversação física. Ela é realizada através do uso de câmeras (que capturam e enviam vídeo de seu ponto local), exibições de vídeo (que exibem vídeos recebidos de pontos distantes), microfones (que capturam e enviam o áudio de seu ponto local), e caixas de som (que tocam áudio recebido de pontos distantes). Embora existam muitos fatores que servem para modificar ou aumentar a complexidade desta definição básica, vários dos quais são discutidos neste guia prático, é útil manter um conceito simples no princípio, enquanto você estiver decidindo por que ou como você mesmo ou sua organização podem ser capazes de usar a videoconferência.

Ao entender o papel que a videoconferência pode ter, considere duas situações gerais: 1) aquelas onde você já é capaz de comunicar-se com alguém que não está fisicamente perto, mas você gostaria que aquela comunicação pudesse ser mais rica, e 2) aquelas onde você gostaria de acessar ou comunicar-se com uma localidade que pode ou não estar próxima, mas cujo acesso é limitado por restrições situacionais ou físicas.


A educação à distância freqüentemente vem à mente quando consideramos a primeira situação. Porém, vale a pena lembrarmo-nos que a videoconferência também pode ser usada para conectar pessoas com dados, eventos, lugares e objetos distantes em modo real-time. Vários outros tipos de comunicação podem também ser aprimoradas ou aumentadas. Estas incluem reuniões organizacionais e reuniões entre organizações distintas, aconselhamento, telecomutação, intercâmbios culturais e em língua estrangeira. A comunicação já está acontecendo em cada uma destas aplicações, mas poderiam ser feitas de maneira mais convincente, mais efetiva, ou menos caras através do uso da videoconferência. (Imagine uma chamada telefônica onde você pode ver o receptor, ou uma televisão através da qual você pode falar).


Na segunda situação, a introdução da videoconferência possibilitou a comunicação a áreas restritas, como salas vazias (clean rooms), instalações nucleares, salas de operação e ônibus espaciais. A videoconferência nos possibilitou ensinar estudantes sobre a ciência e equipamentos especializados em lugares difíceis de alcançar como laboratórios distantes, instalações próximas a vulcões, faróis distantes, telescópios e microscópios. Ela tem sido usada para observar a vida selvagem em seu hábitat natural, para estabelecer vigilância e segurança interativa e, combinada com micro-instrumentação, observar dentro do corpo humano. Este lado da videoconferência pode não vir à mente tão prontamente quanto a simples melhoria da comunicação, mas ele pode ser bastante poderoso. Simplesmente imagine situações onde você gostaria de ser uma “mosca na parede” com a habilidade de interagir se desejado. Imagine ainda mais, considere que aquela videoconferência pode ser ponto-a-ponto (entre dois pontos), ou multi-ponto (combinando dois ou mais pontos na mesma “conversação”). Quando você começar a combinar diversos pontos em um ambiente onde o áudio e o vídeo de cada um pode ser compartilhado em real-time, níveis inteiramente novos de interação são possíveis e idéias completamente novas para comunicação podem surgir.


Uma vez que você determine que a videoconferência é para você, é preciso estar ciente de que existe uma variedade de tecnologias que fornecem esta funcionalidade e, acima de tudo, não está no ponto de ser considerada uma tecnologia “plug-and-play”. A videoconferência começou realmente há mais de uma década atrás com a introdução de sistemas caros de conferências de grupo projetados para enviar e receber áudio e vídeo comprimidos através de redes que podiam garantir uma taxa de transmissão dedicada e serviço previsível (ex.: T1 ponto-a-ponto ou links de comunicação T1 fracionais, conexões trocadas usando ISDN ou ATM). Padrões sobre como os áudios e vídeo seriam comprimidos, como os pontos se comunicariam um com o outro (ex.: chamadas de iniciação/término, negociação de compatibilidade de áudio/vídeo, indicação de condições de erro durante um telefonema) e como os fluxos de vídeo viajariam através da rede finalmente se desenvolveram, mas os sistemas não eram totalmente interoperacionais no começo. Argumentavelmente, a primeira, mais popular e extensível videoconferência comprimida foi possível via ITU (União de Telecomunicações Internacionais) pelo padrão chamado H.320 (videoconferência através de circuitos dedicados - ISDN.). Porém, mesmo com o H.320 a videoconferência permaneceu amplamente restrita a) àqueles que podiam pagar pela tecnologia, conexões de rede e salas de reunião, ou b) àqueles que podiam viajar para um local de encontro habilitado para videoconferências.


Com o passar do tempo, as restrições acima diminuíram. A tecnologia para administrar videoconferências se tornou menos cara, mais flexível, e agora inclui opções de videoconferência desktop, bem como videoconferências em grupo. Tipos de redes mais onipresentes, particularmente TCP/IP como é utilizada pela Internet, são normalmente usadas para fornecer conexões menos caras e mais flexíveis. Junto com isso, padrões emergiram para sustentar áudio/videoconferências via IP. O padrão H.323, que foi aprovado pelo ITU em 1996, se desenvolveu através de várias versões desde então e é implementado em uma larga variedade de produtos comercialmente disponíveis. O IETF SIP Working Group está trabalhando para mudar o protocolo SIP de sugestão para um projeto de padrão e as ferramentas de videoconferência baseadas no padrão SIP estão no mercado hoje. Os produtos em cada um destes padrões são o enfoque primário deste guia prático no momento, entretanto, informações relativas a outros padrões e recursos para videoconferências estão também incluídas. Além disso, o livro de receitas aborda muitos outros fatores exigidos para uma compreensão completa sobre videoconferências. Estes incluem a importância dos padrões em geral; avaliação de necessidades para uma videoconferência; possibilidades de aplicação; a seleção e o uso de equipamento básico; componentes e serviços avançados e novos desenvolvimentos. Espera-se e antecipa-se que o guia prático o ajudará a sair do que você imaginava possível para uma aplicação de videoconferência bem sucedida e efetiva.