No que tange à questão do gênero, as aulas mistas
de Educação Física podem dar oportunidade para
que
meninos e meninas convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender
a ser tolerantes, a não discriminar e a compreender as diferenças,
de forma a não reproduzir estereotipadamente relações
sociais autoritárias.
No âmbito da Educação Física, os conhecimentos
construídos devem possibilitar a análise crítica
dos valores sociais, tais como os padrões de beleza e saúde,
que se tornaram dominantes na sociedade, seu papel como instrumento
de exclusão e discriminação social e a atuação
dos meios de comunicação em produzi-los, transmiti-los
e impô-los; uma discussão sobre a ética do esporte
profissional, sobre a discriminação sexual e racial
que existe nele, entre outras coisas, pode favorecer a consideração
da estética do ponto de vista do bem-estar, as posturas não-consumistas,
não preconceituosas, não-discriminatórias e a
consciência dos valores coerentes com a ética democrática.
Nos jogos, ao interagirem com os adversários, os alunos podem
desenvolver o respeito mútuo, buscando participar de forma
leal e não violenta. Confrontar-se com o resultado de um jogo
e com a presença de um árbitro permitem a vivência
e o desenvolvimento da capacidade de julgamento de justiça
(e de injustiça). Principalmente nos jogos, em que é
fundamental que se trabalhe em equipe, a solidariedade pode ser exercida
e valorizada. Em relação à postura diante do
adversário podem-se desenvolver atitudes de solidariedade e
dignidade, nos momentos em que, por exemplo, quem ganha é capaz
de não provocar e não humilhar, e quem perde pode reconhecer
a vitória dos outros sem se sentir humilhado.