Lev S. Vygotsky (1896-1934) , professor e
pesquisador foi contemporâneo de Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade
da Bielorrusia em 17 de novembro de 1896, viveu na Rússia, quando
morreu, de tuberculose, tinha 37 anos.
Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como
resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem
e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social.
Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do
sujeito com o meio.
As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos
remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no
processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização
e
ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza
diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Propõe uma visão de formação
das funções psíquicas superiores como a internalização mediada pela
cultura.
As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano,
colocam que o cérebro é a base biológica
,
e suas peculiaridades definem limites e possibilidades
para
o desenvolvimento humano. Essas concepções fundamentam sua idéia de
que as funções psicológicas superiores (por ex. linguagem, memória) são
construídas ao longo da história social do homem, em sua relação com o
mundo. Desse modo, as funções psicológicas superiores referem-se a
processos voluntários, ações conscientes, mecanismos intencionais e
dependem de processos de aprendizagem.
Mediação: uma idéia central para a compreensão de suas concepções
sobre o desenvolvimento humano como processo sócio-histórico é a idéia
de mediação: enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem acesso
direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real,
operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe, portanto enfatiza a
construção do conhecimento como uma interação mediada por várias relações,
ou seja, o conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito
sobre a realidade, assim como no construtivismo e sim, pela mediação feita
por outros sujeitos. O outro social, pode apresentar-se por meio de objetos,
da organização do ambiente, do mundo cultural que rodeia o indivíduo.
A
linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos
, representa um salto
qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as
formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do
conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são
socialmente formadas e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e
culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas.
A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação
da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a
interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no qual seus
membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de
informações, conceitos e significações.
O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento do
funcionamento psicológico humano. A internalização envolve uma atividade
externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna, é
interpessoal e se torna intrapessoal.
Usa o termo função mental para referir-se aos processos de: pensamento,
memória, percepção e atenção. Coloca que o pensamento tem origem na
motivação, interesse, necessidade, impulso, afeto e emoção.
A interação social e o instrumento lingüístico são decisivos para o
desenvolvimento.
Existem, pelo menos dois níveis de desenvolvimento identificados por
Vygotsky: um real, já adquirido ou formado, que determina o que a criança
já é capaz de fazer por si própria, e um potencial, ou seja, a capacidade
de aprender com outra pessoa.
A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas
de desenvolvimento proximal ( distância entre aquilo que a criança faz
sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto;
potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas; ou
seja, distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial ) nas
quais as interações sociais são centrais, estando então, ambos os
processos, aprendizagem e desenvolvimento, inter-relacionados; assim,
um conceito que se pretenda trabalhar, como por exemplo, em matemática,
requer sempre um grau de experiência anterior para a criança.
O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização
da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o
processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a atividade do
sujeito refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua
transformação por uma atividade mental.
Para ele, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma
conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais.
É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão
internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a
formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um
processo que caminha do plano social - relações interpessoais - para o
plano individual interno - relações intra-pessoais.
Assim, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional
desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
O professor tem o papel explícito de interferir no processo, diferentemente
de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um
ambiente cultural. Portanto, é papel do docente provocar avanços nos
alunos e isso se torna possível com sua interferência na zona proximal.
Vemos ainda como fator relevante para a educação, decorrente das
interpretações das teorias de Vygotsky, a importância da atuação dos
outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo,
pois uma intervenção deliberada desses membros da cultura, nessa
perspectiva, é essencial no processo de desenvolvimento. Isso nos
mostra os processos pedagógicos como intencionais, deliberados, sendo o
objeto dessa intervenção : a construção de conceitos.
O aluno não é tão somente o sujeito da aprendizagem, mas, aquele que
aprende junto ao outro o que o seu grupo social produz, tal como: valores,
linguagem e o próprio conhecimento.
A formação de conceitos espontâneos ou cotidianos desenvolvidos no
decorrer das interações sociais, diferenciam-se dos conceitos científicos
adquiridos pelo ensino, parte de um sistema organizado de conhecimentos.