13. O que muda no conceito de autoria com a convergência das mídias?
O conceito de autoria, embora não seja original, adquiriu um ineditismo singular graças às capacidades interativas e colaborativas advindas dos espaços de comunicação viabilizados pela Internet.
As novas formas de leitura (com o hipertexto) e de escrita e o aumento da digitalização de materiais facilitam a transmissão e a reprodução de informações, mas, sobretudo, estão por trás do compartilhamento e da recombinação de informações e conteúdos (blogs, wikis, vídeos, músicas, imagens, textos, etc.), bem como da consequente transformação do modo de pensar a autoria.
Não são poucos os artigos que tratam da questão da autoria na era da sociedade de informação, não raro apontando duas vertentes contrárias:
De um lado estão as Indústrias CulturaisA Indústria Cultural, ou IC, é constituída por um conjunto de organizações e instituições que produzem a Cultura de Massa com fins lucrativos e mercantis. (fonográfica, cinematográfica, etc.) e as Indústrias de Softwares e Serviços das TIC, bem como os grandes conglomerados de comunicação, produtores dos meios de comunicação de massaOs Meios de Comunicação de Massa, ou MCMs, são os canais ou os meios que veiculam os produtos da IC para as massas. Ex.: jornais, rádio, cinema, televisão, revistas, Internet, etc., lutando pela ampliação dos direitos de propriedade (ou copyright) de bens imateriaisBens imateriais são obras artísticas, científicas, literárias ou produtos da inventividade industrial como, por exemplo, os softwares. ;
De outro lado, os pensadores da ciberculturaA cibercultura é a cultura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais., defensores da ideia de que esta é regida pela colagem, pela recombinação ou remixagem de conteúdos. Estes, aliás, defendem que, por fazerem nascer todo e qualquer tipo de criatividade (tecnológica, científica, cultural e artística), a liberdade e a colaboração devem ser os princípios norteadores da convergência tecnológica e da interatividade. Veja o que Silveira (2006) afirma a esse respeito:
“No mundo das redes, a liberdade ao invés de aumentar simplesmente a competição, está consolidando a colaboração e a solidariedade.” (SILVEIRA, 2006, p. 5) |
No entanto, a consolidação dos princípios de colaboração e de solidariedade na Internet está em construção e é alvo de debates e reflexões.
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Ao usar referências de outros autores encontradas na Internet na elaboração de materiais para distribuir entre seus alunos, como apoio às suas aulas, você se preocupa com a questão dos direitos autorais?
Você analisa com seus alunos o respeito aos direitos autorais?
Você acha que o direito de propriedade tolhe a criatividade?
Você acha que o direito à informação e à educação deveria se sobrepor ao direito de propriedade?
O que representa para você a capacidade de ferramentas interativas potencializarem a expressão de ideias do aluno-autor para além dos padrões educativos convencionais?
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Considerando que, se por um lado a difusão de ideias é necessária à democratização da educação e da informação e, por outro, ainda que estejam disponíveis na Internet não significa que a autoria deva ser ignorada, quais cuidados o professor deve tomar ao preparar ou disponibilizar seus materiais de aula?
Uma das áreas cuja questão da autoria já é tratada com a devida atenção e preocupação é a da educação, principalmente nas modalidades semipresencial ou totalmente a distância no que diz respeito à apropriação de conteúdos para a preparação de materiais didáticos. Uma vez disponibilizados na rede (Internet), já não é mais possível controlar esses materiais, pois eles circulam livremente a partir dos servidores onde ficam armazenados. Embora pareça complicado ou até assustador, existem, no entanto, formas de garantir a legitimidade da autoria e a possibilidade de alunos e professores tornarem-se autores de suas histórias e projetos ainda é um dos maiores ganhos diante das capacidades da convergência tecnológica e midiática.
A par disso, Cleci Maraschin (2005), em artigo do Programa Salto para o Futuro, aponta que
“é preciso distinguir o trabalho criativo daquele que resulta somente de uma adaptação às máquinas. Certamente saber operar e programar máquinas é importante, mas a educação pode produzir experiências que ultrapassem ao “bom uso” ou “uso adequado”. As obras criativas, ao invés de “esgotar” determinadas possibilidades das ferramentas, redefinem a nossa própria maneira de entender e de lidar com elas”.
Assim, é importante identificar se a convergência tecnológica amplia a exclusão digital ou se ela impulsiona a democratização da comunicação e a ampliação do acesso às mídias.
Considerando-se que até 2011 todos os municípios e escolas brasileiras terão a infraestrutura de acesso à Internet rápida por meio da banda larga, e que teremos, então, a universalização da convergência tecnológica, é importante que nós, educadores, possamos entender as implicações dessa convergência em nossa vida e nas práticas que se desenvolvem nas escolas.