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Organizando o grupo

Em uma situação de ensino aprendizagem, três padrões principais de comunicação e interação entre professor e alunos podem ocorrer num dado momento:Formas de interação

O padrão "A" representa a educação tradicional .

 O padrão "B" representa um começo de diálogo onde o desnível professor aluno é diminuído, embora não eliminado.

 O padrão "C" traz um sério desafio a professores e alunos acostumados ao ensino tradicional. Com efeito, se por um lado nesta situação os alunos participam e problematizam, o seu hábito de receber do professor os conhecimentos necessários para aprovar a disciplina faz com que considerem as discussões e debates como uma perda de tempo. O professor, por sua parte, . quando pensa em dar a seus alunos trabalhos de grupo, enfrenta questões às vezes torturadoras:

  • Até que ponto ele pode confiar em que os alunos chegarão, através da discussão, aos conceitos claros e estruturados que ele, o professor, já tem?
  • O trabalho em grupos não tomará um tempo excessivo para estudar um tema que mediante uma boa exposição oral seria coberto na metade do tempo?
  • Como ele resolverá o problema da eventual indisciplina , a clássica "bagunça" , neste ambiente de tanta liberdade?
  • Qual será, depois de tudo, o "status" do professor numa situação em que a opinião de qualquer aluno é tão respeitável como a do próprio professor?
  • Como se pode avaliar o progresso de cada aluno se seu desempenho aparece misturado com o desempenho de todos os demais?
  • Será que o trabalho de grupo é bom só para certas disciplinas, como as ciências sociais, porém inconveniente para outras, como as ciências exatas, físicas e naturais?

As técnicas de trabalho em grupo

Tanto para sobreviver como grupo, como para aumentar sua produtividade na realização de seus objetivos, o grupo espontaneamente inventa técnicas de trabalho, ou aprende e adapta técnicas já existentes. Assim nasceram as diversas técnicas conhecidas como painel, simpósio, seminário, tempestade cerebral, Phillips 66  e muitas outras.

O professor deve ter bem claro em sua mente que as técnicas não tem outra finalidade senão a de ajudar o funcionamento mais eficiente dos processos de manutenção e produtividade, facilitando a comunicação a participação e a tomada  de decisões. As técnicas são simples artifícios para o grupo realizar seus fins. Elas não são absolutas nem intocáveis mas meras ferramentas que o professor pode modificar, adaptar ou combinar quando bem entender.

O papel do instrutor

Existem muitas variedades de discussão. Algumas incluem principalmente a solução coletiva de problemas; outras são sessões de queixas, ou servem para motivação; outras ainda podem fornecer prática na integração e aplicação de informação obtida de textos ou palestras.

O papel do instrutor varia dependendo da função que a discussão esteja desempenhando. O ensino mediante a discussão, deste modo, requer uma variedade de destrezas; é por isso que nesta área é necessário o treinamento dos auxiliares de ensino e dos novos professores universitários.

Destrezas necessárias para conduzir uma discussão

A maioria das discussões em sala de aula poderiam ser classificadas como "de  desenvolvimento". Isto é, o propósito da discussão é desenvolver um conceito e suas implicações, ou resolver problemas. O papel do professor neste tipo de discussão não consiste em manipular o grupo de maneira que este siga passos predeterminados e alcance conclusões preestabelecidas, mas ajudar o grupo a progredir mediante a divisão do problema em suas partes componentes, que poderão ser resolvidas em etapas.

Uma discussão de desenvolvimento requer habilidade didática para começar a discussão, para fazer perguntas, para avaliar o progresso do grupo, e para vencer as resistências.

Começar a discussão

Depois de uma turma ter-se reunido e discutido com sucesso, o professor terá pouca dificuldade em iniciar uma discussão; novos temas desenvolver-se-ão quase espontaneamente dos problemas sugeridos por leituras extra-escolares, ou como continuação da discussão de problemas ainda não resolvidos nos encontros anteriores. Durante os primeiros encontros de um novo grupo, entretanto, o professor pode precisar tomar a iniciativa e dar início à discussão. Uma maneira de iniciar uma discussão seria fornecer uma experiência concreta, comum, mediante a apresentação de uma demonstração, filme ou dramatização. Após tal apresentação é fácil perguntar: "Por que isso ... ?"

Tal começo tem várias vantagens. Como cada membro teve a mesma experiência, cada estudante sabe alguma coisa sobre· o tópico em discussão. Além de focalizar a discussão sobre a demonstração feita, o professor alivia um pouco a pressão do espírito dos estudantes mais tensos, que têm medo de revelar suas próprias opiniões ou sentimentos.

As perguntas: Um dos erros comuns que os professores cometem quando formulam perguntas é indagar coisas que obviamente têm somente uma resposta correta, que o professor já conhece. Como indicamos antes, a discussão tem pouca função em responder perguntas sobre fatos. Precipuamente, as discussões devem ser estruturadas para analisar relações, aplicações, ou causas de fatos e fenômenos.

Um outro erro comum na formulação de perguntas é fazê-las a um nível de abstração impróprio para uma determinada classe. Os estudantes provavelmente participarão mais numa discussão quando eles sentem que têm uma experiência ou idéia que vai contribuir em algo à discussão. Isto significa que as questões para discussão devem ser formuladas como problemas que têm algum significado para os estudantes.

Estimular discrepâncias: Uma terceira técnica para estimular a discussão é gerar ou destacar um desacordo. Evidências experimentais acumuladas indicam que um certo grau de incerteza desperta curiosidade, que é um motivo básico para a aprendizagem. Alguns professores desempenham habilmente o papel de advogado do diabo; outros são bons em destacar diferenças entre pontos de vista. Em ambos os casos o professor deve estar ciente de que o desacordo não é um sinal de fracasso mas pode ser utilizado construtivamente.

Apreciação de progresso: Uma das habilidades importantes do líder de discussão é a capacidade de estimar o progresso do grupo em termos das barreiras e pontos de resistência costumeiros. Essa habilidade depende de sua sensibilidade aos sinais que indicam, por exemplo, falta de atenção, hostilidade, ou tendência para fazer perguntas tangenciais ao assunto.

Obstáculos

Um· obstáculo para a discussão eficaz é a informação inadequada. O papel do instrutor poderá ser nesse caso o de orientar os estudantes para as necessárias fontes de informação, podendo às vezes ele mesmo fornecer os dados procurados.

Um segundo freio para uma boa discussão é a tendência do professor de revelar aos estudantes a resposta correta ou apresentar a solução em termos abstratos ou gerais antes de os estudantes terem desenvolvido uma resposta com seu próprio esforço. Naturalmente, o professor pode às vezes poupar tempo relacionando coisas soltas ou formulando uma generalização que está nascendo; contudo, com demasiada freqüência ele o faz antes da classe estar pronta para chegar a uma conclusão.

Outra barreira para a discussão é o acordo. Amiúde estamos excessivamente ansiosos para chegar a um consenso do grupo considerado como meta da discussão. Entretanto, o acordo não é o objetivo da maioria das discussões educacionais. Os estudantes vêm para a Universidade com certos valores e atitudes gerais sem qualquer sentido crítico. Muito embora as atitudes que eles têm possam ser "boas", podem também estar tão estereotipadas que o estudante não chega a desenvolver uma compreensão dos complexos fenômenos aos quais elas se aplicam. A tarefa do professor com frequência deverá ser dirigida não tanto no "sentido de mudar as atitudes do estudante, mas sim de aumentar sua sensibilidade para outros pontos de vista, e ampliar sua compreensão dos fenômenos aos quais se aplicam suas atitudes. Manejar polêmicas: Em toda boa discussão, surgirão conflitos. Se tais conflitos permanecem num estado de ambiguidade e incerteza, eles, tal como acontece com os conflitos reprimidos no indivíduo, podem provocar problemas constantes. Uma das funções do líder de discussão é ajudar a utilizar esses conflitos como uma contribuição para a aprendizagem. Utilizar o conflito como motivo para uma pesquisa bibliográfica por toda a classe ou por um grupo escolhido, é uma solução possível. Se não há uma resposta empírica, o professor tem a oportunidade de revisar com os alunos o método pelo qual poderia dar uma resposta. Se o assunto envolve uma questão de valores, o professor pode ajudar os estudantes a se tornarem conscientes dos valores envolvidos. Em todo caso, deve ficar claro que o conflito pode ser uma ajuda para a aprendizagem, e que o professor não precisa tentar ansiosamente evitar conflitos ou dissimulá-los.

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